sexta-feira, 28 de setembro de 2007

A nossa primeira ida à Bebeteca

No nosso admirável mundo novo, temos hoje um recurso fantástico, uma sala de sonhos à mão onde os bebés se perdem na leitura e onde os pais podem aprender como os filhos gostam daquilo que nem eles sonharam: as bebetecas. Estes espaços magníficos, prova do vigor e energia das nossas bibliotecas, vêm-se espalhando pelo país como prendas na árvore de Natal. Espaços desenhados para os mais novos de todos, os bebés entre os 0 e os 3.
Retirado daqui.

Foi com um enorme agrado que, quando comecei a trabalhar na creche onde ainda estou, descobri que existe uma Bebeteca situada na Biblioteca Municipal da cidade onde trabalho. É sem sombra de dúvida um recurso importantíssimo para o desenvolvimento do gosto e respeito pelo livro e pela aquisição da leitura desde a mais tenra idade. Na Bebeteca são disponibilizados materiais lúdicos apropriados e realizam-se ateliês que visam fornecer aos bebés informação dimensionada às suas idades e estimular a sua criatividade, proporcionando-lhes, em contexto lúdico:
Participação activa e interacção com os seus acompanhantes e os outros bebés.
Descoberta e familiarização com o livro.
Realização de actividades de exploração promotoras do estímulo e desenvolvimento das suas capacidades cognitivas, motoras, sensoriais, emocionais e sociais.


Para além disso, ao levarmos as crianças lá aguçamos o gostinho aos pais para irem dar uma espreitadela à Bebeteca que, aos sábados, funciona também transformando-se num espaço intergeracional onde os próprios pais e restante família (porque não os avós?) adquirem informação sobre formas simples para estimularem o desenvolvimento de competências dos seus bebés e interagirem com eles num ambiente dimensionado e apelativo para uma
aprendizagem lúdica e activa pelos bebés, através de objectos e recursos do dia-a-dia.
Ou seja, não é preciso ir à Bebeteca todos os dias para obter tudo isto, basta que o tempo passado com os seus filhos seja de qualidade.
É tão bom trabalhar com crianças e poder tocar tantos pontos fulcrais do nosso dia-a-dia.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Descobrir o Mundo através das Histórias

Desde o início do ano passado que os livros fazem parte do dia-a-dia da sala. De capa grossa, de tecido, a 3 dimensões, de folha simples, não interessa: todos mostram um mundo novo! Alguns rasgados pelo meio, mas é a vida. Para ganharmos respeito aos livros às vezes temos que os estragar para perceber a sua importância. A hora de descobrir mais uma história foi adquirindo um papel primordial nas rotinas das crianças e chegou uma altura em que eles já se sentavam a pedir a história, já nem era preciso chamá-los.


Este ano o ritual do conto ainda se mantém, cada vez com mais força e por isso o caminho levou-nos ao Projecto Descobrir o Mundo através das Histórias.
Para isso, não basta simplesmente dar os livros às crianças, é preciso descobri-los com toda a calma e atenção, perceber o seu enredo, as suas personagens e dar-lhes vida. Às vezes faz-se através de imagens, outras vezes através de sons, tudo serve para enriquecer este tempo e desenvolver mais competências nas crianças. Os fantoches tornam-se um óptimo recurso para aumentar a sua atenção, afeiçoam-se ao personagem, entendem melhor a história e é mesmo assim que através dos fantoches, de bonecos e marionetas, as crianças apredem relacionarem-se com o mundo e a interiorizá-lo. A socialização e a afectividade são exercitadas de forma espontânea e lúdica...
Este Verão comprei alguns fantoches de dedo, mas ainda não os utilizei, nem explorei. Fiquei cheia de vontade de criar os meus e assim o fiz: pasta de papel para as cabeças, feltro e algum tecido para o corpo e uma quantas canetas já sem tinta que iam para o lixo.
Assim nasceram os três porquinhos,
a capuchinho vermelho, a avó e o lobo. Este último serve para ambas as histórias.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Partilhar Experiências e... Boleia!!! ;)

Pois é, quem anda pelos blogs e fóruns de Educação de Infância já deve saber que estou doida por ir a esta Formação, promovida pela APEI e que é especialmente dirigida à valência em que trabalho: a Creche. Será que não há ninguém interessado em ir também e que seja do distrito de Aveiro ou do Porto e que queira partilhar carro?!
A formação é a um sábado, dia 13 de Outubro e custa 15€ para os associados da APEI (30€ para não associados).
Pessoal, pensem bem! Todas as Educadoras mais tarde ou mais cedo passarão pela creche e são tão raras as formações acerca destas idades tão importantes para o desenvolvimento global da criança...
Formação nunca é demais!!!!
Estou à espera de encher o meu carro cheio de gente :) Vamos lá!!

(mais informações aqui!)

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Paredes brancas...ainda

Com tanta parede branca e placard vazio fico cheia de ansiedade! Quero fazer tudo já, quero encher a sala de cor, quero ter projectos prontos para colocar em prática!
Mas a verdade é que ainda não tenho nada feito. As ideias bailam na minha cabeça, quero concretizá-las, mas sinto que está tudo muito verde.
Sinto também que tenho que dar tempo e espaço às crianças para elas se habituarem à creche, à rotina da sala, aos brinquedos novos, às brincadeiras novas, aos amigos que já cresceram mais e agora interagem doutra maneira.
Hoje deu-me para isto! Quero andar mais rápido que a carruagem! Queria já falar com os pais e explicar a ideia de criar uma espécie de mala viajante, que irei precisar da sua colaboração, mas ainda não tenho a ideia bem pensada para sair uma coisa com pés e cabeça, por isso vou tentar amadurecê-la o mais rápido possível. Por falar em pais, ando com a ideia de fazer uma reunião de pais já no início ano e começo a ficar nervosa (ainda nem sabendo se a vou fazer ou não). Eu vejo os pais todos os dias, e se não os vejo a todos no mesmo dia, não passa uma semana que não os veja a todos; ora um vem mais tarde trazer a criança, ora outro vem mais cedo buscá-la, acabamos por falar sempre um bocadinho e eles já me conhecem. Mas uma coisa são conversas informais, outras são reuniões de pais, em que damos a cara e temos que responder à letra porque todos os olhos estão postos em nós... Confesso que fico bastante insegura: pernas e mãos a tremer, palavras que se enrolam, perdas de raciocínio, desconcentração... brlá!!!! Deve ser por estar a pensar numa possível reunião que ando ansiosa... Adiante...
Hoje a V. levou bolo de aniversário, porque ontem fez 2 aninhos! Ela ficou muito espantada por lhe termos cantado os parabéns, nem um sorriso esboçou. O que será que se passava na cabecita dela? "Então foi ontem que fiz anos e estes estão a cantar-me os parabéns hoje?", ou algo do género. Bem, ela estava mais interessada em partir o bolo e soprou de uma só vez as velas, que nem deu para tirar a fotografia com as velas acesas, aliás, já todos estavam era cheios de vontade de trincar aquele rico bolo. E a Educadora confirma: estava DIVINAL!
O R. regressou hoje de férias, mais reguila do que nunca e já com algumas palavras adicionadas ao pouco vocabulário que tinha. Fiquei toda babado quando chamou pelo meu nome, coisa que não estava à espera! Está lindo, um amor mesmo!
Aliás, eles são todos uns amores, tirando algumas birras (alguns por dormirem pouco), são crianças adoráveis. Bem, são uns rufias, mas prefiro que eles sejam assim, do que não se mexerem para nada, feitos zombies! São mexidos, são ágeis, sempre à prcura de sarilho! Esgotam-me a paciência, mas é mesmo assim!
Amanhã há livro de histórias novo e pintura, coisa que ainda estava guardada nas gavetas novas da sala nova!

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

A estreia

Um mês passa num instante, mas quando regressei ao trabalho parece que fiquei fora um ano inteiro. Encontrei-os às 9 da manhã no refeitório: os mais velhos e os meus, que agora fazem as suas refeições lá (antes era na própria sala, por serem mais pequenos): estavam 8, para já. Só o J.D. tinha uma tímida lágrima no olho, que nunca mais caiu ao longo do dia. Só por essa lágrima é que me apercebi que a despedida tinha custado, mas o dia decorreu sem choros, nem saudades aparentes. Dei um beijinho a todos e inteirei-me da grande novidade: a V. já não usa fralda! Que grande festa que lhe fiz e ela divertida e toda vaidosa só se ria! Durante o dia ela pediu sempre para ir à casa de banho e até um cocó grande fez na sanita.
Depois do pequeno-almoço fomos à casa de banho lavar as mãos e as caras e seguimos para a sala nova. A primeira coisa caricata que aconteceu foi eles irem direitinho para a antiga sala (sala de 1 ano). Ao longo do dia isto aconteceu mais duas vezes (quando vinham do dormitório, ainda nem sabiam a que terra pertenciam; e depois do lanche, ao saírem da casa-de-banho).
Quando chegamos à sala cada um foi explorar a área que mais o atraía: o V. e a D. foram para a piscina, o B. foi espreitar o baú dos bonecos, que ainda estava fechada; a V. também foi para a área da casinha, a C. alapou-se num sofá da mesa dos enfiamentos e começou a meter-se com a vizinha do lado, a F., que não queria entrar em conflito tão cedo. A C. só gosta de brincar sozinha, porque caso contrário está o caldo entornado, grita, berra, não dá o braço a torcer por nada. Enquanto a birra já ia a meio, o J. andava meio perdido, a saltar de área em área, mexendo em tudo ao mesmo tempo para não perder pitada. a certa altura, o J.D. que se tinha juntado ao B. a explorar o baú dos bonecos, encontra uma bola de praia. Tratou de vir logo ao pé de mim mostrar-me o grande tesouro que tinha encontrado. Mas a bola estava vazia. "E agora J.D.? A bola está vazia, o que vamos fazer?" Mal falei as crianças aperceberam-se que estava ali um desafio e aproximaram-se. O J.D. procurou logo a pipa e abriu-a e apontando para dentro disse-me: "Óia buáco!", "E agora? O que vamos fazer para encher a bola?" Foi a vez do BErnardo pegar na bola e soprar lá para dentro. Claro que o ar saía todo e depois de alguma tentativas foi a vez do J.D. Perguntei-lhes se queriam a minha ajuda e disseram que não. Pronto, se já sabiam o que havia a fazer e sabiam que se precisassem eu estava ali, deixei-os tentarem e explorarem ao máximo!
Curioso o facto de ninguém ter pedido para que eu enchesse a bola para a jogarem. Parecia que era mais divertido tentar encher do que propriamente jogar.
Depois de explorarem durante algum tempo a sala, como estava muito calor e já todos adquiriram a marcha fomos para a parte de baixo da crehe, brincar nos triciclos. Colocámos os triciclos e alguns carros sem pedais cá fora e cada criança pegou no seu favorito, sem muitas birras uns com os outros. Houve tempo para jogar à apanhada, fizemos canções de roda e até eu andei num mini-triciclo, o que fez as delícias da pequenada.
Volta e mia, lá fugiam eles para a sala polivalente, onde existe o escorrega, a grande casinha, uma piscina de bolas, mais baloiços, pequenos camiões, almofadas de formas variadas, etc, mas a sala cheirava ainda a bafio, e foi assim mesmo que lhes justifiquei que não poderiam estar lá dentro.
Entretanto a hora de almoço tinha chegado e fomos lá para cima. O almoço correu muito bem, até o V. e o L. (que entretanto tinha chegado) comeram bastante bem.
A hora do sono foi mais difícil para o B., que dormiu muito pouco, tal era a excitação de estar de regresso à creche. O J. também esteve acordado, mas pouco depois adormeceu.
A hora do lanche passou num ápice: iogurte líquido com sabor a chocolate e bolachinhas caem que nem ginjas.
Quando regressámos à sala, sentámo-nos no tapete, fui buscar alguns livros e junto deles contei-lhes duas histórias pequenas, sem recorrer ao texto, simplesmente orientando-me pelas imagens. Eles gostam muito daquele bocadinho em que estamos todos sentados a explorar um livro, já tinha o hábito de realizar esta rotina o ano passado e percebe-se que eles gostam bastante. Há sempre um grande entusiasmo para verem uma história e quando pego num livro são eles de livre iniciativa que correm para o tapete para se sentarem. Ainda não têm aquela atenção e concentração que eu tanto anseio, mas chegaremos lá!
Até amanhã crianças!

sábado, 1 de setembro de 2007

A ante-estreia

Neste primeiro dia de trabalho não houve crianças, apenas os funcionários da creche. Foi dia de limpar, preparar, renovar salas, brinquedos, jogos e restante material. Este ano vou ficar na sala dos 2 anos, seguindo o meu grupo de crianças do ano passado. ao organizar a sala, guardar cada brinquedo na prateleira respectiva só um pensamento me assalta a cabeça: como estarão eles? Será que se lembram de mim? Será que estão muito crescidos? A ansiedade tomou conta de mim e só desejei que o fim-de-semana passasse rápido. Da parte da manhã, andei a arrumar a dispensa, onde existiam cartolinas, tecidos, tintas, brinquedos e outros materiais amontoados e todos desorganizados. Depois da arrumação feita até sobrou espaço para colocar mais material, como as ventoinhas que já não são precisas, por causa do inovador (e às vezes perigoso) ar condicionado. Como não haviam crianças não foi necessário levar o horário à risca e o almoço foi feito em apenas meia-hora para sairmso mais cedo. A parte da tarde foi preenchida pela organização da minha sala. Agora que as crianças já cresceram a criação de novas áreas é essencial. Para início do ano a sala vai ter alguns espaços que, algures a meio do ano, podem sempre ser retirados, alterados ou reinventados. Para já a sala divide-se na área da casinha (constituída por um armário de loiça, um fogão, um baú com bonecos, roupa e há um espelho), a área da piscina das bolas, a área da motricidade fina, onde existe uma mesa com enfiamentos em arame fixos à mesa, a área da expressão plástica (constituída pela mesa central da sala, cadeiras e vários materiais de expressão plástica, sejam tintas, lápis, marcadores, plasticina, etc) e a área do tapete, que é multifuncional, servindo para brincar com os legos, explorar livros, ouvir música, dinâmicas de grupo, etc. Há ainda um pequeno baloiço em forma de elefante que, já adivinho, vai ser alvo de muitas disputas.
Os placards ainda estão vazios, não há desenhos nas paredes, os brinquedos intactos, ainda por remexer. Está tudo silencioso, à espera dos risos, dos gritos, das primeiras palavras, das canções, enfim, da presença deles, a sala anseia por vida!
Até segunda-feira!